segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Autocontrole Emocional




Mais uma vez, estamos aqui para falar sobre assuntos metafísicos, tais como a nossa consciência, nossa evolução, nosso autocontrole. Este é o tema de hoje. Gostaria de ter, pessoalmente, um maior autocontrole emocional para poder falar-lhes com bastante propriedade sobre assunto tão importante para a vida, como seja nossa estabilidade mental, emocional, consciencial e física. O controle emocional envolve todos os aspectos de nossa vida física.

O autocontrole é uma verdadeira personalidade. É um atributo de nosso espírito. Ele, uma vez amadurecido, isto é, ao se manifestar em nós, imediatamente é percebido por todos, pelo benefício que causa. Hoje estamos vivendo uma fase muito dura, muito difícil. As emoções estão muito à flor da pele. As ansiedades, as angústias, as tristezas, as mágoas, as dependências a prazeres, a medos, a dores, a perdas, tudo isso faz com que a humanidade fique à mercê de circunstâncias emocionais muito decisivas em sua vida, onde um pequeno deslize pode comprometer toda a existência, toda uma encarnação.

Os que estão se trabalhando em busca de uma evolução espiritual, muitas vezes, se surpreendem com os seus descuidos emocionais, ou mentais e se perguntam: "poxa, depois de tanto trabalho, de tantos anos de estudo, de tanta busca e ainda sou surpreendido por deslizes primários na área da estabilidade emocional". Estamos vivendo uma fase muito decisiva. Estamos sendo testados ao máximo. Poucos serão os que manterão a estabilidade, através do autocontrole emocional.

Quando falamos em autocontrole emocional, muitas pessoas podem pensar que se trata de repressão, de sentir vontade de fazer algo e não fazer. Querer fazer algo e não fazer, por medo, por autocensura, não. Não quer dizer nada disso. Autocontrole quer dizer: não ter desejos, não haver vontades ou situações que perturbem nossas emoções ou nossos pensamentos. Nosso coração não pode bater descompassado. Nosso sistema nervoso não pode ficar superexcitado, gerando tremedeiras, abalos internos, em que os pensamentos fiquem tumultuados, congestionados. Todos estes sintomas são indícios de instabilidade emocional e mental, isto é, constituem ausência de autocontrole emocional.

Nós podemos viver neste mundo hostil, onde a violência, a inconsciência, o desrespeito proliferam como se fossem praga supercontagiosa. Mas, também, precisamos ter cuidado para não nos contaminar tanto com essa substância negativa, que é o descontrole mental, emocional, nele incluído o desespero. No passado, muitas foram as epidemias, que assolaram a humanidade. Atualmente elas (as epidemias, doenças, etc.) acontecem mais no nível interno do que externo. Quer dizer, que uma parcela considerável da nossa humanidade encarnada, não apenas no Brasil, mas a nível internacional, aproximadamente, uns 60 a 65% das pessoas fogem da realidade da vida, através de inúmeros tipos de drogas, e outros mecanismos, tais como: super-alimentação, álcool, e fumo. Também lançam mão de drogas alucinógenas, de estimulantes, de antidepressivos, para fugirem de si mesmas, para fugir do mundo onde vivem, porque não têm forças. As pessoas não têm solidez para enfrentar os obstáculos e ao invés de transformá-los em soluções, em aprendizado e maturidade, fogem da vida.

Todos nós temos problemas. Desde os tempos de criança, quando despertamos para nossa identidade, até nossa maturidade, nunca deixamos de ter problemas. Então, não percamos a oportunidade que nos está sendo dada nesta encarnação: a de sermos testados ao máximo, ao extremo. Nem todos os habitantes da Terra, que aqui estão hoje, poderão retornar após o seu desencarne, que pode ocorrer a qualquer instante. Aquele que se esforçar ao máximo e conseguir manter estabilidade, será recompensado.

O materialista acha isso ridículo. E o espiritualista superficial acha que autocontrole é para a vida que vem, para a próxima encarnação. Temos a eternidade. Afinal somos imortais. Não temos somente a próxima encarnação. A próxima encarnação de muitas pessoas não será mais aqui, no planeta Terra. Estamos na prova final. Não há mais tempo para estudar. Na última hora, não haverá mais tempo para discussões sobre religião, sobre crenças. O tempo de agora é de autotransformação.

O espiritualista precisa saber que não há mais a eternidade aqui na Terra. Nosso espírito de fato é imortal, mas não para viver aqui na Terra, nesta Terra de hoje. A seleção já começou. Cada dia que passa, seremos tentados, seremos seduzidos a buscar os prazeres mais primitivos e a fugir das dores mais fúteis, das dores mais corriqueiras, de pequenas perdas materiais, de pequenos atritos emocionais, afetivos, e familiares. Sofreremos a desilusão de repentinamente ver, que gastamos décadas de uma existência na busca de sonhos, que ao se realizarem demonstram ser, na verdade, meras quimeras, meras ilusões, que se diluem ao serem alcançados, nada deixando, a não ser um grande vazio.

Outra coisa: a nossa existência é marcada por uma grande aceleração cármica. Isto nos dificulta o autocontrole. Se nós vivêssemos em uma família e numa sociedade em que todos nos tratassem com grande respeito, carinho, consideração, fraternidade, facilmente viveríamos com autocontrole. É muito fácil ficar calmo com uma pessoa que não nos agride, que sempre é eficiente, que não nos desrespeita. Seria uma maravilha. Os planetas mais evoluídos são assim. Lá teremos uma consciência mais ampla. Aqui, na Terra, temos a necessidade de desenvolver muita estabilidade mental e emocional.

Quantas loucuras são cometidas em função de um brusco desnível no equilíbrio mental ou emocional. Existem muitos níveis de autocontrole. Certas pessoas parecem supercontroladas, tranqüilas, serenas, cujas ações são medidas e calculadas pela razão, pela lógica, pela coerência. No entanto, como eu disse, são diversos os níveis. Enquanto não se pisa no calo de uma pessoa, ela não reclama. Mas, quando se alcança o limite, a pessoa transborda, se irrita e perde o autocontrole. Todos nós temos limites. Raras são as pessoas que já conseguiram a transcendência emocional, alcançando regiões conscienciais, onde podem ser atingidas em sua moral, receberem atentados, agressões morais, físicas, materiais, afetivas e permanecerem em total estabilidade, sem entrarem em desespero, sem experimentarem a mágoa, a raiva, a agressividade, ou a vingança.

A transição planetário que já está acontecendo e acentuou-se mais ainda após a Segunda Guerra Mundial, atualmente está em andamento, mais do que se pensa. Ela está separando as pessoas que demonstraram educação, perdão, compreensão, tolerância e um certo descontentamento com esta civilização, um descontentamento positivo. Isto significa alguém acordar pela manhã e pensar: a vida é maravilhosa, mas este mundo em que estou vivendo não está bom, não estou satisfeito com ele. Gostaria que ele fosse diferente. Sei que sou apenas um. Não tenho o poder de mudar o mundo, mas tenho o poder de mudar as minhas ações que influenciam o mundo. Devo executar uma grande mudança nas minhas ações, desde a hora em que levanto, procurando não ser áspero com as pessoas que convivem comigo.

A pessoa autocontrolada demonstra, em primeiro lugar, autocontrole em casa, com as pessoas do lar, com as quais convive todos os dias. Não adianta tratar gentilmente um estranho ou um amigo ou um colega e não tratar gentilmente o filho, o irmão, o pai, a mãe, a esposa, o marido, o parente que está ali, constantemente conosco. Torna-se mais difícil tratar bem os nossos parentes e familiares, porque eles conhecem nossas vulnerabilidades e nem sempre as respeitam, machucando-nos muito mais do que um estranho que não nos conhece muito bem, e a quem podemos esconder os nossos defeitos e falhas. Para um familiar é impossível esconder as nossas falhas, porque ao longo de meses, de anos, de décadas, estes erros e defeitos ficaram evidentes. Então, sentimo-nos mais vulneráveis perante os familiares, em função disso. Assim, tornamo-nos muito agressivos, como uma forma de defesa.

Muitas vezes, é difícil reconhecer os nossos defeitos, ou seja reconhecer que estamos errados, de fato; eu não deveria ter feito isso; eu não deveria agir dessa forma, pois não é o correto. Mas o nosso orgulho impede o reconhecimento de nossos erros, porque ele, acrescido de nossa vaidade, aponta os erros do outro, justificando, assim, não reconhecer os próprios erros. Daí a razão de agredirmos os outros, quando nos sentimos agredidos, quando os outros apontam os nossos defeitos. Isso dificulta a estabilidade emocional e mental. Enquanto não nos colocarmos numa situação de igualdade uns com os outros, não toleraremos situações de confronto, mesmo que não tenhamos os defeitos dos outros e que os outros não tenham os nossos defeitos. Os defeitos a que me refiro são as falhas operacionais, seja de capacitação mental, intelectual, como também as falhas de caráter que são tidas como vícios a demonstrarem limitações infantis na evolução humana. Temos que reconhecer a nossa imperfeição, pois assim, aceitaremos os outros com as suas mazelas e erros. Se somos imperfeitos, porque haveremos de exigir que os outros sejam perfeitos? Aceitemos as nossas imperfeições.

Quando buscamos o autocontrole ele deve ser exercitado, primeiramente, em casa. A nossa casa, o nosso lar é a grande escola. É onde nos preparamos para o mundo exterior. Se uma pessoa não se prepara bem em casa, ela não está preparada para sair fora de casa, porque sairá mascarada. Em casa ela é intolerante, e quando sai, veste uma máscara de tolerância e de compreensão. Ela é "boazinha" até que não extrapolem o seu limite de tolerância. Uma vez extrapolado o limite, a máscara cai automaticamente e mostra a cara feia que estava escondida. Aí, as pessoas se surpreendem: ah, este é você, dando uma de bonzinho, de autocontrolado, de evoluído. Mostra-se evoluído, enquanto não mexem nos seus pontos vulneráveis. Os nosso pontos vulneráveis são os que geram a nossa instabilidade emocional e mental. São esses os pontos que devemos, antes de mais nada, corrigir. Não devemos esperar um mundo onde não haja enfermidades. Torna-se necessário curar nossas enfermidades, para que ninguém possa tocá-las.

Quais são essas enfermidades? São as nossas fontes de prazer, que precisam ser substituídas. É como uma pessoa que sabe que determinado alimento lhe é prejudicial, causando enfermidade. Assim, ao ter o desejo de comer determinado alimento, a consciência avisa: não é bom, arrume um substituto saudável e a pessoa imediatamente encontra um substituto, um sucedâneo saudável.

O ser humano sempre está em constante busca de prazer. Enquanto permanece nessa dualidade, existem duas fontes de felicidade: uma, é o júbilo advindo do mundo superior e outra, é a do prazer, advindo deste mundo. Mas que júbilo é esse? É o do contentamento, da felicidade não pelo que se fez e faz, mas pelo que se é (interiormente). O prazer sempre advém daquilo que se faz. Quem, ainda, está preso ao prazer que advém do que se faz, não terá uma verdadeira felicidade. Existe um método para se autocontrolar. É um método diferente, demonstrando que o prazer saudável não é um prazer vindo deste mundo, mas, que é um prazer, um júbilo de realização pelo que se é.

Explicarei. O primeiro nível é o que se refere ao prazer deste mundo, e é conseguido através da substituição dos desejos. Estamos aqui na Terra, graças ao nosso desejo de vivenciar e experimentar situações existentes aqui. Há pessoas que desejam ter filhos. Há pessoas que desejam ser profissionais em diversas áreas. Há pessoas com desejo de saber coisas, de fazer coisas, de obter fama, obter poder. Existem as mais diversas fontes de desejos. Todo desejo é dual. Quer dizer: todo desejo deste mundo transitório, em que vivemos, se transformará em dor. Em outras palavras, toda a pessoa desejosa de ter um filho ao ter o filho terá o prazer de ter o filho, mas depois terá a dor de perder o filho. Todo aquele que tem o desejo de saber alguma coisa, quando reencarnar terá a dor de perder alguma coisa. Todo aquele que tem o desejo de possuir ou de realizar alguma coisa, uma vez realizado ou possuído o objeto dos desejos, a dor virá, pois o objeto já não satisfaz mais.

Imagine que a pessoa esteja no nível do prazer. Antes do prazer havia uma dor e depois do prazer haverá outra dor; depois, outro prazer, depois, outra dor; depois outro prazer, outra dor. Esta é a nossa vida aqui na Terra. Nós estamos sendo educados por Deus. Se fôssemos somente animais, coisa que não somos, diríamos que estamos sendo adestrados por Deus, pelas leis da vida, mas já que não somos animais, estamos sendo educados a aprender que este mundo não é um lugar para se estar. Mas, já que estamos aqui, cumpramos todas as provas, sem fugir deste mundo. Pior do que estar aqui é fugir daqui. Precisamos sair daqui pela porta da frente. Darei um exemplo figurativo.

Imaginem que determinado indivíduo viva numa sociedade muito organizada, onde o amor e a justiça são as tônicas predominantes da vida. Porém o indivíduo, por desrespeito às leis dessa sociedade, impossibilitou o seu convívio com as pessoas dessa sociedade, pois agredia os direitos naturais dos outros seres. Determinou-se, então, que por amor a ele, ele não perdesse o direito de viver ali, mas que para ele retornar a viver ali, ele tivesse que emigrar para um mundo onde fosse educado, onde ele aprendesse aquilo que não se deveria fazer. Que ele aprendesse na pele o que podia e não podia fazer em sociedade avançada. Então ele veio para um mundo como a Terra. Aqui, ele aprende o que não se deve fazer. Quando experimentar em si o que outras pessoas não deveriam fazer a ele, mas tiveram o direito de fazer, então aprenderá. Após aprender, ao longo de incontáveis existências, que não se deve ser apegado, porque tudo aqui passa, ele poderá retornar a um mundo melhor.

O passarinho adora voar. O fato de voar é que fez com que o espírito do passarinho desejasse nascer como pássaro. Então ele quis voar. Antes ele não voava e um pássaro lhe falou: olhe, voar é maravilhoso. Você tem a liberdade de ir de um país para o outro, de ir de uma árvore para outra. Nada o prende, já que está sem casa, sem destino, vagando pelo planeta e o espírito ficou seduzido pelo desejo de voar e quis nascer pássaro.

Como nós somos deuses e temos o poder de realizar o que nós desejamos, o espírito conseguiu se tornar pássaro. Antes ele rastejava como um animal qualquer. Antes ele era um leão, uma ave que não voava, que desejava voar. Era um peixe. O peixe quis nadar porque foi seduzido. Ele via a água, a beleza da água, a vida da água e ele se viu seduzido. Ele quis nadar; ele quis saber como é, como é a sensação de nadar; de viver naquele meio. O desejo desta sensação o fez buscar a água e ele teve prazer na água e ele teve contentamento, mas ele também teve dor. Ele teve a dor da dificuldade de viver num meio aquático; teve a dor de ser o jantar ou o almoço de algum predador. Teve a dor da perda, pois a dor sempre está ao lado de um prazer que passa.

Quando observamos esses acontecimentos somos tomados de uma grande desilusão. A gente pensa: então o que fazer, como viver, como é que terei autocontrole? Se pensa que é autocontrolada, de repente a mãe morre, e aí, entra numa depressão, numa tristeza da qual nunca mais sai.

Outras vezes, a pessoa é espiritualista, tendo uma crença num líder ou numa religião e de repente vê que não é aquele líder ou aquela religião que vai, de fato, levá-lo à felicidade e aí, entra em desilusão. Gente, tudo aqui é passageiro, tudo, absolutamente tudo. Estamos numa fase, em que descobrimos o quanto esta vida é passageira. Este conhecimento será o fator determinante do nosso autocontrole. Poucos são aqueles que conseguirão ter autocontrole sem se trabalharem consciencialmente. Pode ser bom saber, pode ser bom ter, mas não será esse o fator determinante da fonte de harmonia, de felicidade, de estabilidade emocional e sim aquilo que nós descobrimos a respeito de nós mesmos. Porque, se você tiver um emprego, poderá perdê-lo. Se tiver um bem, poderá perdê-lo. Se tiver um amor, paixão, poderá perdê-lo. O amor verdadeiro é imortal, felizmente. Mas aquele amor pelo qual nós amamos sexualmente, ele se esfarela como poeira jogada no ar, desaparece.

Quando alguém cria um filho, agradeça a Deus por tê-lo, por conhecê-lo. Se for um inimigo de vidas passadas, terá a oportunidade de se tornar amigo. Terá a oportunidade de saber que ele existe. Mas nunca pense: ele é meu, pois, ele é de Deus. Prepare-se todos os dias para experiências inusitadas, que o prepararão para a vida e para a sua compreensão.

Quer ter autocontrole, quer pegar o seu carro e dirigir no trânsito e não ter medo nenhum e quando alguém te der uma fechada você não xingar, então será preciso atenção e cuidado. Acordou de manhã, exercite a técnica da autoconsciência, dizendo e pensando: este corpo não me pertence. Deve falar para si mesmo e se conscientizar: o corpo físico não sou eu, não é o meu Eu verdadeiro – o meu Cristo Interno.

Alguém, aqui, talvez ache que é exagero dizer que o seu corpo não lhe pertença, pois sabe que o seu coração está batendo. Se ele pudesse parar agora, nós não continuaríamos vivos. Ninguém consegue determinar a hora da morte e a hora do nascimento. Não, eu não quero morrer agora. Eu quero viver novamente. Se alguém atear fogo no seu corpo e pensar: não, eu não quero pegar fogo, mesmo que alguém ponha fogo nesse corpo, a pessoa saberá que é dele. O corpo realmente existe, pois se a água o molha e pode se afogar; se o fogo queima e mata; se as bactérias, os vírus o atingem. Então, esta pessoa acreditando que o corpo dele é uma ilusão, ocasionar-lhe-á uma grande instabilidade mental e emocional, porque ficará, constantemente, com cuidados exagerados a respeito do próprio corpo. Esses supercuidados farão com que as pessoas se tornem agressivas por causa do instinto exacerbado de sobrevivência.

Imagine uma pessoa que pegou um carro emprestado, um carro impecável, zerado, polido, limpinho e saiu com o carro pelo trânsito afora. Pára num estacionamento e fica pensando: gente será que alguém vai sujar o meu carro? Será que alguém vai arranhar o meu carro? Ah, mas não pode, e fica lá de olho, vigiando. Se algum estranho se aproxima do carro, imediatamente ele reage e diz: ‘epa o que que você está querendo com esse carro’? Não, eu só estava passando na calçada aqui. Eu não estou querendo nada com ele. E a pessoa responde: olha lá hein, olha lá, e assim, agredindo a quem aparece na frente.

De repente ele dá uma descuidada e alguém arranha o carro. Meu Deus do céu, como é que fizeram isso? Aí surge a revolta e a indignação. Como é que fizeram isso com o meu carro? Depois vai para casa revoltado, ficando mais agressivo ainda. Quer dizer, que da próxima vez agredirá antes de ser agredido.

Agora, se a pessoa pegou o carro emprestado, e o dono fale assim: olha, você vai agir dessa forma, assim e assim. Se alguém causar dano ao carro que te emprestei, não se preocupe, porque isso está além da sua vontade momentânea. Aí, a pessoa sairia com o carro, deixaria no estacionamento ou em qualquer outro lugar adequado. Ela fez tudo que podia. Deixa lá tranqüilamente. Se alguém arranhar, paciência. O dono do carro compreenderá.

O nosso corpo é um veículo de manifestação, como se fosse um carro. Quando nós tivermos que entregar esse carro ao dono não fiquemos revoltados com o dono. Imagine, você precisar fazer uma viagem. Pegou o carro emprestado (seu corpo físico), chegou da viagem (está morrendo), se entusiasmou tanto com o carro (corpo), que nega entregá-lo ao dono (Deus). Isso é injusto. A gente tem que entregar o carro ao dono.

Ao acordar pela manhã, não se esqueça de usar a primeira técnica mental: o corpo não me pertence. Ele pertence ao Criador de toda vida, Deus. Utilize seu corpo como bem quiser. Você fará a sua parte, com todo o seu empenho e vontade, mas sabe que tudo isto não será um fator determinante de tudo o que irá acontecer com ele ao longo do dia. Se alguém quiser tirar a vida desse corpo, violar esse corpo e não por sua negligëncia, ou imprudência ou irresponsabilidade, é porque se trata da Lei de Ação e Reação se cumprindo. Será por causa de um carma ou de um darma ou de uma prova, ou será algo importante ao seu crescimento. Fazendo dessa forma todos os dias, logo ao amanhecer, você terá mais tranqüilidade com o corpo. A gente não o verá (o corpo) como meu, mas sim como um instrumento emprestado ao verdadeiro dono.

Imaginemos que pediremos um carro emprestado. Imaginem que o primeiro carro que pegarmos seja um carro com direção hidráulica, marcha automática, aquele freio do melhor que tem, todo funcionando bem, novinho, cheirosinho. Quando entregamos o carro, entregamos arrebentado. Muitos vícios danificaram o carro. Foram irresponsabilidades e abusos e aí o dono dirá: oh, na próxima viagem o seu carro será diferente; já imagina qual será, não é? Então, o próximo carro será exatamente o mesmo carro arrebentado que foi devolvido ao dono. Então, aí, oh: o seu próximo carro será esse último que fora emprestado e que acabou de entregar. Também está com a direção arrebentada, com o freio arrebentado, a lataria toda amassada. É o seu. A pessoa vai se queixar, e dirá: Nossa, mas como me dão um carro desses? Sim, ele receberá um carro igualzinho ao que a lei de ação e reação determinou como seu merecimento. Então ao buscar seu carro e viver aqui, saiba: Eu devo fazer a minha parte. Aquilo que está acima da minha parte eu entrego para aquele que tudo criou e que sustenta a vida. Lembremos disso, quando estivermos em um supermercado, por exemplo, empurrando o carrinho de compras. Aquele carrinho grandão, supergigante e uma pessoa vindo em direção oposta, toda irritada e, olhando para a gente e falando: Tire esse carro daí, ou coisa parecida, e a gente olhar para aquela pessoa e lembrar de que a fonte que provê a sua vida é a mesma que provê a nossa, isto é, ela tem espírito divino como nós e que aquele corpo não é dela e que esse corpo não é nosso; e, então, ao lembrar disso, será muito mais fácil se autocontrolar, sem repressão.

Você, certamente, sentirá vontade de agredir a pessoa, mas conter-se-á, com medo de ser preso. Certa ocasião, uma pessoa me falou, contando a seguinte estória. Estavam ele e sua esposa num supermercado. Combinaram que a esposa ficasse na fila da saída e pagamento das compras, enquanto ele iria buscar o produto. Quando ele chegou com o produto e entregou para ela, a pessoa que estava atrás dela na fila começou a resmungar: ah, mas como é que fazem um negócio desses; não sei o quê; as pessoas não têm respeito pelo outros; e ficou resmungando. Aí, a pessoa que me contava a estória disse, que, de início, fez de conta que não estava ouvido. Essa técnica de fazer de conta que uma coisa não está acontecendo, não funciona para o autocontrole. Você tem que saber que está acontecendo determinada coisa. Não fuja do que está acontecendo. Depois ele não agüentou.

De repente ele ouviu uma vozinha dentro dele: está acontecendo um desrespeito e vai lá e dá com a mão na orelha desse sujeito. Aí, ele me disse que chegou junto ao sujeito e falou assim: você está falando comigo? Você está falando com a gente aqui? Você está falando com a minha esposa ou comigo? Já com agressividade, porque ele se sentiu desrespeitado. Como é que este sujeito desrespeita a minha esposa? Então, ele ficou com raiva e o que ele fez? Chegou no outro, para brigar e aí, o outro, logo de início, quis agredir, também, mas, antes disse: eu falei com vocês mesmo; como é que vocês fazem um negócio desses, aqui? Aí, o meu amigo falou: mesmo que você não concordasse você não tem o direito de ficar agredindo a gente assim. Aí, o que aconteceu? Os dois começaram a se exaltar, demonstrando ambos descontrole sobre suas emoções. Descontrole atrai descontrole. De repente o meu amigo pegou o colarinho do outro e o levantou. Quando o outro sentiu o peso da mão dele, começou a acalmar. Porque viu que o meu amigo poderia chegar a agressão física.

Qual é o segundo fator do descontrole? É você começar a se descontrolar sem saber até que ponto a outra pessoa vai se descontrolar. Então, este é um fator que nós precisamos levar em conta. Aí o que aconteceu com o outro? Ele se acalmou. O meu amigo, que estava com a mão no colarinho do outro, disse que na sua cabeça ele não estava só segurando o pescoço do outro mas estava esfregando-o nas prateleiras de produtos, como se fosse um espanador. Ao mesmo tempo ele pensou. Se eu fizer isso, serei preso aqui. Isso é o descontrole das emoções. Depois que isso aconteceu, ele ficou muito mais vigilante sobre as suas emoções. O segredo é evitar que os primeiros pensamentos surjam na cabeça. Quando o desejo de se descontrolar surgir é preciso que a consciência bloqueie a entrada do desejo. Quando ele começou a fazer de conta que não era com ele, ele já começou errado. Ele não deveria ter feito de conta que não era com ele. Ele deveria ter compreendido: não, é comigo mesmo. Aí, ele deveria perguntar para si mesmo: o que eu fiz de errado? A primeira coisa a saber é se desrespeitou alguma lei da vida.

Existem pequenas leis que nós não respeitamos e que faz um efeito bola de neve, um efeito dominó. A gente fala: não, essa coisa tão pequena. Há um certo hábito como o de indo a um restaurante, colocar a bolsa, ou qualquer outro objeto sobre a mesa, a fim de guardar lugar, com intenção de reservar o lugar para si, principalmente, quando o restaurante está cheio. Se o restaurante está vazio, não tem problema. Nós não estamos tirando o direito a uma pessoa em utilizar esse lugar, como se o houvéssemos reservado. Nas coisas pequeninas, nós não nos damos conta que desrespeitamos as leis da vida. Só que quando desrespeitamos certas leis da vida, haverá uma grande repercussão. E se nós não assumirmos o erro, não há como ter autocontrole.

Então, no presente caso a pessoa (meu amigo) deveria, antes de mais nada, pensar: o que eu fiz de errado? Será que fiz alguma coisa errada? Não. Eu deixei uma pessoa aqui, para guardar o lugar. Isso é certo? A reserva do lugar é que dá direito ao lugar, ou será que a pessoa tem que estar com alguma mercadoria na mão para ter direito ao lugar? Eram duas pessoas que iam utilizar o mesmo lugar. Então, diversos fatores devem ser analisados. Entre outras coisas, o meu amigo deveria ter se colocado no lugar da outra pessoa que estava indignado com ele. E mesmo se colocando no lugar, não basta.

Porque há pessoas que não têm entendimento a respeito das leis da vida e ela pensa: ah, não, eu, também, agiria assim, mas de forma injusta. Então não basta apenas se colocar no lugar dos outros. É preciso ter um certo conhecimento para mesmo se colocando no lugar dos outros, ver o aspecto da justiça. Se ele não tivesse culpa, e ficasse quieto, ele não se sentiria agredido. Mas a pessoa está agredindo, porque é uma pessoa que acha que um erro justifica outro. Este é um dos indícios de falta de controle emocional e mental. Uma pessoa erra e nós acreditamos que isso dá o direito de errarmos com ela. Na verdade, não dá.

Muitas vezes os pais falam com os filhos, porque os filhos erraram e falam, agressivamente. Ao falarem agressivamente perderam a autoridade. Podem falar, mas que falem com mansidão, com tranqüilidade. Podem até ser enérgicos. Energia não é agressividade. Energia é dar um tom de seriedade à voz, para que seja entendido o que se está dizendo e não alterar a voz gritando ou falando com expressão áspera. Então, muitas vezes a própria forma com que falamos às pessoas ou a forma com que as pessoas falam conosco, nos faz perder o autocontrole.

Acordou pela manhã, deve pensar, ao elevar os pensamentos aos céus: esse corpo não é meu; os bens que tenho não são meus; o dinheiro, se tiver no banco; o patrimônio, os objetos, nada me pertence. Tudo me foi emprestado. Se lembrar disso pelas vinte e quatro (24) horas por dia, será uma maravilha. Emprestado, que digo, é para que eu faça uso das coisas como aprendizado, para que eu sacie o meu desejo de viver aqui.

O corpo dos pássaros é emprestado enquanto eles viverem, enquanto eles quiserem voar. Se o passarinho, ao desencarnar ainda tem o desejo de voar, ele irá reencarnar como passarinho. Se desencarnou e ainda tem certos desejos, reencarna como pássaro, até que não tenha mais desejos de voar, não. Aí, desencarna como pássaro e volta como outro animal, com o desejo daquilo que ele quer fazer.

Então, enquanto houver um desejo, nós estaremos cheios de descontrole material, por causa dos desejos de coisas transitórias. Porque se a gente quer demais certas coisas, digamos uma flor, a gente luta por ela e até perde a vida por ela. Se eu adorar essa flor e ela fosse a coisa mais importante do mundo para mim e alguém tentasse tirá-la de mim, isso me perturbaria. Digamos que alguém tentasse tirá-la de mim. Aí, eu imaginaria: ah, eu faria tudo para que a pessoa não a tirasse de mim. Inclusive agrediria, faria coisas que em estado normal eu não faria. Só que existe um devorador, o tempo. A flor está bonita agora. Daqui a alguns dias, amanhã, ela já não estará mais bonita assim. A vida é desse jeito. Bonita, cheirosa, sedutora agora, mas ela passa. A vida nesse mundo é passageira e tudo é transitório. Hoje a pessoa tem, amanhã ela não tem. Muitas vezes, hoje de manhã, a pessoa tem e à tarde não tem mais. Tudo é emprestado.

É preciso saber que existem certas regras, as leis da vida; leis que determinam a paz ou que determinam a perturbação. Quer dizer que o que nós temos é para ser aplicado em determinada finalidade, com determinado objetivo. Toda a vez que buscarmos a autoconsciência, precisamos lembrar disso. Esse é o estágio inicial do autocontrole. Devemos começar a entregar. Na verdade, eu não tenho isso. Essa flor irá cumprir a sua função, a de embelezar o ambiente, dar tranqüilidade, serenidade ao ambiente. Mas o seu tempo de vida é curto. Depois de cumprido o seu papel, ela não é mais necessária. Tudo isso é preciso saber.

Ah, uma pessoa o agrediu, verbalmente? Enquanto você quiser ser bem tratado por todo mundo, não terá como ter autocontrole. Em primeiro lugar, você precisa se tratar bem para ter autocontrole. Tenha respeito por si mesmo. Respeite o seu corpo, respeite o seu crescimento, respeite a sua vida, aquilo que você faz, aquilo que você sabe. Mas não espere que outras pessoas o respeitem, ou respeitem as coisas que você respeita. Senão, não terá autocontrole, porque, nem todas as pessoas terão respeito por você.

O mundo em que vivemos não é um mundo do respeito mútuo. Então, quando estamos em busca do autocontrole, precisamos saber de uma coisa: a felicidade, a satisfação do autocontrole real não vem pelo que se faz nem pelo que se tem. Ela vem, pelo que se é. Aquele que é feliz, só porque faz, um dia ele não terá como fazer e será infeliz. Quer dizer que enquanto pode realizar uma coisa é feliz. Depois, se não pode, não presta mais para nada, virou embalagem descartável, usado ele será infeliz e sentir-se-á um inútil?

Nós somos muito mais do que uma embalagem descartável. Nós somos seres que apesar de termos pernas, braços ou de fazermos alguma coisa famosa com os membros do corpo, somos seres imperecíveis. Nós somos originários da essência de toda vida. Por isso o autocontrolado é aquele que busca conhecer Deus. Quando falo em Deus, não estou me referindo àquele senhor idoso, vestido de branco e sentado na nuvem lá em cima, não. Quando falo em Deus, estou falando daquele que sustenta, que provê, que origina a vida que habita em tudo. É aquele que faz a gente pensar, que faz a gente existir. É aquele que está aqui e está além daqui. É aquele que não nasceu e mesmo assim existe. É a este a que me refiro, como Deus. Quem busca conhecê-Lo, aprende a ter, automaticamente, autocontrole.

A primeira regra do autocontrole é conhecer a essência que tudo anima. É simples, mas difícil. Difícil, relativamente. Quer dizer, que nem todos, que buscam, encontrarão rapidamente, porque não vão buscar nos lugares certos. Muita gente que está buscando a essência criadora, na realidade não está buscando. Está se enganando a si própria. Sim, imagine aquele passarinho de que falamos anteriormente. Foi dito ao passarinho que naquela árvore bem alta, naquele carvalho, lááááá na pontinha tem um fruto. Certo, que o carvalho não vai dar o fruto que ele quer. Mas digamos, seja uma árvore muito grande, muito alta, e comendo desse fruto, você nunca mais terá fome. Porque o prazer de comer é maravilhoso, não é? Você comer uma coisa muito gostosa é muito bom. Só que a dor da fome, também, não é bom. Então sempre haverá o prazer de comer, e a dor da fome.

E o passarinho, que fará? Ah, eu quero sair disso, eu não quero mais fazer parte dessa brincadeira de mau gosto, que eu mesmo comecei. Quer dizer, eu quis vir para cá, (para este Mundo), mas agora, não quero mais sofrer. Então, o passarinho falou isso. Aí, outro passarinho lhe falou: vá lá em cima, lá tem uma fruta que você comendo, não sentirá mais fome. Ficará numa boa. Aí o outro passarinho respondeu: tudo bem, eu vou. Bateu asas, bateu asas, bateu asas, e não chegou nem na metade da árvore. Caíu, novamente, no chão. Ficou por ali. Aí falou para o outro passarinho: não tem fruta nenhuma lá em cima, não, nenhuma. Não vi nenhuma fruta. Mas "peraí", você foi lá em cima, mesmo? Fui, fui lá em cima. Mas como você foi lá em cima, se você não achou a fruta. Não, eu não estou conseguindo ver nenhuma fruta que você falou. Aí o outro passarinho falou: será que se você largasse essa fruta pesadona que você está segurando nas patinhas, você não poderia voar para cima, voar mais alto? Sim é possível, mas eu não vou abrir mão daquilo que tenho para aquilo que não tenho. Mesmo que o que eu tenha seja transitório. Quer dizer, que nós nos queixamos das nossas instabilidades mentais e emocionais, mas não queremos abrir mão daquilo que as geram. Precisamos ser como o pássaro que tem que largar a coisa pesadona que tem. De qualquer forma eu perderei algum dia. Não faz diferença, se é hoje, ou se é amanhã. Então, melhor que seja hoje, quando terei a oportunidade de alcançar aquele fruto que amanhã talvez eu não tenha. Enquanto a gente ficar nos apegos muito transitórios a gente sequer conhecerá a essência mantenedora de toda a vida.

Então é preciso ir se desapegando. A fim de se trabalhar é preciso se desapegar. Para ver (olhar) é preciso tirar as vendas. Então, tiremos essas vendas. Isso fará com que possamos conhecer Deus. O esforço vale a pena, mas é preciso que ele seja feito com total força. Não basta apenas usar um pouquinho da nossa força. Trata-se de buscar a cada dia e fazer perguntas para si mesmo: por que a vida é assim? Porque eu existo? Porque tudo existe? Qual a razão de estar aqui? Donde eu vim? Onde estou? Para onde eu vou? O que há além daquilo que não se pode ver? O que há além da visão? O que se esconde quando nós fechamos os olhos? Com certeza não é apenas aquilo que é mostrado quando os olhos estão abertos. O que está além da época em que nascemos? O que existirá após a nossa morte, após desencarnarmos, aqui? Por que pessoas sofrem e pessoas são felizes? Isso é meditar sobre as leis da vida.

Conhecemos Deus, através de suas leis. Muitos falam: eu confio em Deus, eu confio na essência. Nas minhas palestras e cursos costumo falar sobre isso. Como é que a gente confia em alguém que não conhece? Uma pessoa chega e pede a chave da sua casa para tomar um banho, para fazer uma refeição. Você entrega a chave, na hipótese de não conhecer a pessoa? Não entrega. Como é que pode dizer de boca cheia: eu confio em Deus, eu acredito em Deus, se não conhece Deus. Está querendo enganar a si mesmo. Você ouviu tanta gente falar que acreditava em Deus, que acabou aprendendo a dizer que acredita em Deus, mas não acredita, em verdade. Isto porque, quando há qualquer distúrbio econômico no país, você já fica todo cheio de medo: será que terei como pagar as coisas: será que vou ter amanhã como tenho hoje? Será que conseguirei aquilo que eu quero?

Quando as pessoas tratam a gente com muita agressividade, ficamos pensando: nossa como é que aquela pessoa me tratou assim? Não tem respeito por mim? Quando nós acreditamos na Essência, conhecemos verdadeiramente a Essência Superior, temos argumentos satisfatórios (que nos acalmam, nos tranqüilizam) toda a vez em que uma pessoa nos agride ou quando temos uma perda. Conhecendo a Essência, temos como não nos magoar com a agressividade alheia. Quando temos o nosso amor próprio ameaçado cria-se em nós um ácido que fica entre o estômago e o coração. É um ácido energético negativo. Esse ácido energético, (ácido mesmo, o elemento químico dele é ácido) é um ácido corrosivo. É o elemento químico da energia psíquica e emocional da mágoa. Eu faço projeção astral e nas dimensões extrafísicas, em laboratórios químicos astrais, eu já presenciei a análise da energia psíquica localizada nos chacras correspondentes, isto é, entre o chacra do estômago, o plexo solar e o chacra cardíaco. Existe um chacra entre esses dois, onde se concentra a energia da mágoa. Esta é uma energia ácida, que começa a corroer o corpo e que se aumentar demais gera uma enfermidade muito temida, o câncer.

Certamente que nem todas as causas de câncer são derivadas de mágoa. Esta é uma das causas. A causa primordial de câncer é a agressão às leis da vida. Ela é a causa primordial de qualquer câncer. Quando alguém quer ser autocontrolado, vejamos como será? Vejamos o estereótipo (o modelo standard) de uma pessoa autocontrolada. Acordou pela manhã: se acordou tranqüilo, não está com os pensamentos escravizados a nada, sabe o que precisa fazer; não se sente escravizado ao que vai fazer; trata-se de uma pessoa controlada energeticamente. Há uma grande diferença entre o descontrolado e o autocontrolado. Entre aquele que tem que fazer uma coisa e passa a ser escravo daquilo que precisa fazer. Ao acordar, interaja com o seu próprio corpo de forma harmônica; se tem algum problema de saúde, não fique se queixando de Deus ou se lamentando da vida pelo problema de saúde que tem; compreende o fator educativo e transitório, tanto no prazer, como na dor. Isto significa que a pessoa aprendeu que o prazer passa e a dor passa. O prazer corporal, o prazer cultural, o prazer material, o prazer afetivo, são todos prazeres que passam, instalando-se imediatamente a dor, pela interrupção ou diminuição do prazer vivido. Acordou, higienize-se corporalmente, numa boa, sem revolta; assim será um autocontrolado.

Se, acordou e ah, meu Deus, eu tenho que fazer isso todo santo dia; nossa Senhora, que desgraça, esta pessoa não é autocontrolada. Se estamos neste mundo, precisamos seguir as suas leis. Se não quiser seguir essas leis, por que veio para cá? Ninguém obrigou ninguém. Na hora da encarnação, ninguém apontou qualquer arma na cabeça do espírito, dizendo: vá lá para a Terra. Ninguém fez isso. Você veio para cá porque quis. Então, nada de revolta. Então, não é acreditar que o acaso existe. Se o acaso existisse, quebrar-se-ia toda a ordem estabelecida pelas leis da vida. Então, não existe acaso. Você está aqui porque quis; então, nada de revolta, ok.

Estou aqui, porque algo de bom estou buscando e estou encontrando a cada dia. Acordou, faça a higiene corporal sem revolta, nem nada, sem se sentir primitivo. Porque sentado no troninho (bidê sanitário), a pessoa fica pensando assim: gente, mas será que em outro planeta, outras pessoas têm que fazer o mesmo? É, todo mundo faz isso, todo dia. Quem não faz, não está vivo, não. Até no astral, ninguém vive de luz. Não pense que desencarnou, vai parar de comer, vai parar de ir ao banheiro, não vai, não. No astral, nas suas dimensões mais densas, a pessoa faz tudo que faz aqui. Somente em planos muito mais sutis as pessoas não fazem isso. Isto, porque não comem o que se come aqui. Enquanto você quer comer aquele prato gostoso, terá que se submeter ao carma.

Voltemos ao pensamento anterior. Digamos que certa pessoa acordou mal humorada, em função dos muitos problemas que tem. Ela fale assim: nossa, isso é hora de acordar? Então ela já agrediu a natureza das coisas. Ela não deve esquentar a cabeça com isso não. Ela deve ficar calma, tranqüila, sabendo, que as conseqüências negativas das murmurações hão de se voltar contra ela. Então, devemos estar determinados a pagar pelas falhas cometidas. Cometeu um erro, cometeu uma falha, corrija a falha. Quer dizer: se deve, pague. As pessoas que não têm medo de pagar, já se livraram de muita instabilidade emocional e mental.

Ao trabalhar, não pense: trabalhar por quê e para quê? Trabalha-se para ganhar dinheiro, a fim de pagar as despesas? Simplesmente? Pode até ser, mas que se faça o trabalho de forma justa, amorosa e sábia, utilizando o poder derivado dessas três características, isto é, amor, justiça e sabedoria. Precisamos gerar benefício material para os outros a fim de que nós, também, tenhamos benefício material. Esta é uma lei da vida. Quem não gera benefício para a sociedade não é digno do benefício que gerou. Com o passar do tempo, não terá nem o necessário para manter o próprio corpo. Temos família para interagir com ela, conversar, trocar idéias, conviver.

Qual a razão da vida? Um autocontrolado não vê a razão transitória da vida. A vida não é só acordar, higienizar o corpo, alimentar-se, trabalhar, estudar, namorar, conviver com a família, dormir, acordar, lazer, etc. Gente, quem só pensa que a vida é isso, não tem autocontrole. É precisa buscar e encontrar conteúdo para a vida. Deve ser um conteúdo que entra década, sai década, entra encarnação, sai encarnação e a pessoa está se sentindo em realização. Porque a vida tem alma.

Falarei de algo que aconteceu no mundo astral e que me foi permitido ver. Em uma análise feita pelos cientistas de lá, no mundo incorpóreo, analisaram que a maior parte das pessoas aqui da Terra vivem em permanente inconsciência, vivem como animais, simplesmente, uma vida sem alma. Por isso, a maioria dos seres humanos são infelizes. A maior parte da humanidade se droga com super-alimentação, ou alimentação inadequada, utilizando substâncias que alteram e nublam a consciência, e assim, não percebem que suas vidas não têm alma, não tendo sentido de ser. É como aquela pessoa que toma bebida alcóolica para enfrentar a vida vazia que tem. É aquela pessoa que altera com substâncias entorpecentes a sua consciência, para não sentir nem ver que o caminho que está tomando, não confere rumo certo à sua própria vida. É um caminho de infelicidade. Infelicidade em cima de infelicidade.

Constatado no astral essa realidade, muitos seres de lá reencarnaram para ajudar a humanidade. Estes, ao invés de caírem na inconsciência voluntária e provocada, como os humanos, desenvolveram em seus próprios espíritos e maneiras de viver, a direção certa de vida que proporcione, igualmente vida para a sua alma. Isto significa o quê? Se trabalhar, trabalhe para um objetivo imperecível. Se comer? Coma para uma finalidade que seja imperecível. Tem família? Que a tenha para um fim imperecível, isto é, que não passa com o tempo. Estes atributos são imprescindíveis para o autocontrole. É saber, que os fins somente são alcançados se os meios forem imbuídos da consciência dos fins a atingir. Tudo aqui na Terra consiste em meio, isto é, um meio para alcançar a espiritualidade, a autoconsciência, o conhecimento do nosso Eu Superior que alguns chamam de Self.

O nosso trabalho não é um fim e sim um meio. Um meio para que o nosso espírito evolua. Caso contrário ele involui. Ele perde encarnações, milhares de encarnações. Perderá muito tempo, uma eternidade. Por isso, se alguém fez a grande descoberta em sua vida, de que tudo neste mundo é um meio para alcançar a espiritualidade, não perdeu a vida. Agora quem viveu e vive a vida marcada pela ilusão, não adianta se queixar da infelicidade.

Anteriormente, eu, também, vivia uma vida inconsciente. Nossa, quando comecei a acordar, eu falei: meu Deus do céu, isto existe, essa espiritualidade invisível aos olhos físicos? Uma coisa, posso garantir-lhes. É uma garantia pessoal. Os nossos olhos físicos estão abertos, mas eles não vêem o que existe. Nossos ouvidos estão ouvindo, mas não escutam o que existe. O nosso corpo parece que toca, mas não toca. Parece que anda, mas não anda. Quando a nossa consciência desperta, pela vontade firme em seguir as leis da vida e de adquirir autocontrole, nossa vida muda. Porque se a gente não educar os nossos pensamentos e as nossas emoções, jamais alcançaremos o nosso despertar, a nossa reforma interior. É o desejo de se autocontrolar é que faz acontecer. É a convicção firme de mudar, nem que para isso haja necessidade de renunciar a muitas coisas deste mundo. Jesus disse aos seus discípulos, no início de sua vida apostólica. Larguem tudo. Venham e sigam-me. Porque, se não houver o autocontrole sempre haverá uma vontade de se priorizar as tarefas materiais. Haverá uma vontade de fazer aquilo, e se fará. Sem a razão, sem o discernimento sobre as conseqüências do que se fizer, não haverá evolução para a humanidade. As coisas não devem ser feitas somente por causa do medo que o erro acarreta, mas sim por causa da finalidade, dos objetivos da nossa ação, isto é, se nossa ação está direcionada àquilo que nós buscamos, que é o imperecível.

O presente tema é tão vasto que permitiria falar a noite inteira. Mas eu não tenho esse tempo e nem todos aqui dispõem desse tempo. Porém, ao longo de outras palestras, iremos explorar mais ainda o tema do autocontrole e do conhecimento da nossa essência e da nossa origem, a Essência superior. Nós podemos contatar diretamente com Deus, sem intermediários. Esse é o meu propósito aqui. Através de todos esses cursos, através de minhas palestras, é meu intento transmitir este mesmo contato com deus e com muitos outros seres que já estiveram por aqui. Depois de ter contatado a minha essência, a minha vida se transformou completamente. Renasci várias vezes consciencialmente e esse mesmo renascimento procuro transmitir a vocês. Não sou eu, nesse corpo físico, mas, sim a minha essência que é a mesma que habita em cada um. Vossos pensamentos podem até questionar estas coisas. Não vos critico. Todos precisam questionar as coisas, antes que as aceitem como verdadeiras. Mas questionem, usando todos os elementos conscienciais ao seu alcance, a fim de discernir e avaliar sabiamente, ao máximo.

Haverá dez minutos para responder a perguntas feitas por escrito. É só levantar as mãos, que será entregue papel para o seu registro. Quem queira se retirar, sinta-se liberado. Para os que se retiram, desejo uma boa noite.

PERGUNTAS

Com respeito aos meios empregados para fugir da vida, para fugir do mundo em que se está vivendo, das situações, das responsabilidades, como por exemplo as drogas, a super alimentação, a música pode ser considerada um meio de fuga?

Qualquer artifício, qualquer comportamento, qualquer ação que se coloque como um analgésico para aliviar a dor da vida, é um fator que gerará instabilidade emocional e mental. Naturalmente que entre aqueles fatores haverá os mais suaves e os mais fortes. É melhor apelar para os mais suaves até poder largar totalmente os fatores de ilusão mais fortes. Não é possível abandonar a ilusão simplesmente com um piscar de olhos. Imaginem uma pessoa andando na penumbra da noite. Ela não enxergará o caminho se alguém acender uma luz muito forte. Ela ficará totalmente cega, ofuscada, pela luz. Toda a questão se resume em ir acendendo uma luz gradativamente, ao longo da caminhada. Então, a vista aos poucos acostumar-se-á ao maior grau de iluminação do caminho.

Qual a finalidade, de se perceber e buscar o que não é perecível?

A finalidade de perceber e buscar o que não é perecível é ir em busca da essência imortal que sustenta a nossa vida e a qual pertencemos. Todo aquele que medita e busca o conhecimento real, descobre a cada dia que passa, que ele não é quem ele parece ser. Quer dizer o seguinte: consideremos uma jovem de 18 anos, na flor da idade. Digamos que tenha um corpo físico, tido pela nossa civilização, como belo, muito belo, muito bonito. Digamos que ela esteja na faculdade. Esteja conversando com amigas e dizendo das suas façanhas em função da sua beleza, da sua inteligência, de muitas coisas. Ela se apega ao seu nome. Apega-se ao que sabe. Apega-se à sua identidade corporal. Esta é uma maneira de viver com finalidade perecível. Imaginemos que ela tivesse sua identidade transitória apenas como um meio de manifestação. Mas, o mais importante não é o corpo dela e sim, o que faz o corpo existir. Não adianta vangloriar-se de conquistas. É a mesmo coisa da história da formiga. A formiga falou para as outras: eu trouxe a maior quantidade de folhas para dentro do formigueiro; sou melhor do que vocês; sou muito grande e sou feliz por causa disso. Gente, isso é ridículo, a formiga ficar se vangloriando de ter levado mais folhas para dentro do formigueiro. No entanto, uma pessoa fica se vangloriando pelo que sabe, pela beleza do corpo que é perecível, pelo que sabe, pelo nome que tem, pelo patrimônio que tem. Isso é viver perecivelmente. Viver de forma não perecível é buscar a essência dentro de si mesmo. Buscar aquilo que entra ano, passa ano não muda e a pessoa sentirá que ela é a mesma, sempre em expansão, sempre em autodescoberta. Na próxima encarnação ela saberá que é a mesma. As pessoas que vivem iludidas pelo perecível, numa encarnação podem ser ricas, ficando a esnobar, muitas vezes, os pobres, não é? Nem todo rico é assim. Estou me referindo às pessoas que só conheceram a riqueza, não passaram pelas dificuldades, não sabem o quanto certas coisas são difíceis para as outras pessoas.

Em outra encarnação elas vêm pobres, miseráveis, criticando os ricos, dizendo que os ricos é que são culpados pela miséria dos pobres. Depois voltam ricos, novamente, e aí descem a lenha nos pobres. Elas serão muitas vezes guiados pelas aparências. Ser guiado pelo imperecível, é não se guiar pelas aparências. Muitas vezes, uma pessoa que não é famosa, que não é importante, porque não é famosa, ao se aproximar de outra, esta não lhe dá a mínima atenção. Aí, vem outra, uma pessoa famosa, que receberá uma atenção até descomunal. Isso é se guiar pelas aparências. Muitas vezes, a pessoa visita uma casa, e se a casa for simples, ela não dá a mínima. Mas, se a casa é toda afrescalhada, ela, oh, dá uma importância fora do comum. Afrescalhada que eu falo é um conforto além do necessário. A pessoa tem como uma forma de auto afirmação ou de se colocar numa situação superior a das demais pessoas. O que é realmente necessário, cada pessoa sabe.

Como manter o contato direto com Deus?

A primeira coisa é não buscar Deus em pessoas. É não buscar Deus fora de si. É buscar Deus, primeiro, dentro de si. Somente veremos Deus fora de nós, quando conseguirmos limpar a nossa própria visão. Aí, veremos Deus fora de nós, simplesmente, Deus espelhado. Quer dizer: veremos no outro o Deus que há em nós, mas antes de descobrir Deus nele, precisamos descobrir Deus em nós? Descobriremos em nós aquilo que o tempo não destrói, isto é, aquilo que o tempo não corrói. Temos que buscar a nossa essência, o que muitos chamam de Eu Superior. Buscando isso, a pessoa encontra o contato direto com Deus.

Jesus veio ensinar o contato direto com Deus. Todos os avatares: Buda, Krishna, Sai Baba e mestres ascensionados, e muito outros buscaram o contato com Deus, e buscavam ajudar as pessoas a ter contato direto com Ele. Só que aí surgiu um problema. As pessoas, ao invés de cultuar Deus, cultuaram os enviados de Deus, que são transitórios, também.

Quer dizer, o corpo dos enviados de Deus, que são corpos transitórios, identidades transitórias, e aí ao invés de seguir a mensagem original, começaram a seguir um subproduto da mensagem, que é o mensageiro. Ele é o subproduto da mensagem. E, assim, ao invés de cultuarem a Deus, passaram a cultuar os mensageiros de Deus, o que é um grande erro. Nenhum mensageiro, realmente, gosta disso. O mensageiro (da essência) que gosta de ser cultuado em sua forma transitória, não é um mensageiro da essência. Um mensageiro da essência só permite ser cultuado na sua forma transcendental, que é a mesma que habita em tudo. Desta forma, na verdade, as pessoas não estariam cultuando o mensageiro e sim a mensagem, a essência.

Você ensinará técnicas para termos contato com a essência?

As técnicas já estão sendo ensinadas. A questão é que não se aprende em poucas horas aquilo que leva encarnações, incontáveis encarnações para aprender. Já perdi as contas das minhas encarnações. São mais de dezenas de encarnações que estou neste caminho e ainda não peguei toda a lição. Aprendi, apenas uma pequena parte dela. Esta pequenina parte já me deu certa tranqüilidade espiritual que me fez querer transmitir para outras pessoas essa grande paz espiritual. Imaginem que em dezenas de encarnações aprendi uma pequena parte do que estou transmitindo, hoje.

Estou ensinando apenas uma pequena parte do que se deve aprender e dessa pequena parte só estou transmitindo aquilo que posso, aquilo que tenho meios. Então existe para aprender muito mais do que o que está sendo transmitido. No entanto, é como um prédio em construção. A gente vai pegando os grãozinhos de areia, tijolos, cimento, etc. a fim de encontrar a essência. É aos pouquinhos. É preciso ter paciência para esperar que todo o material necessário seja juntado. Pode demorar, mas que junta, isso eu posso garantir.

Como agir com uma pessoa que tem preconceito religioso, que acha que a sua religião é a única certa e menospreza as outras?

Em primeiro lugar: todas as religiões são certas para as pessoas que nelas estão interessadas. Então não existe a religião mais certa. Alguém pode dizer assim: não, aquela religião é certa e aquela outra é errada. Deve-se entender que toda a religião é certa para quem a busca, mas ainda não representa o caminho para Deus. As religiões atuais, aí disseminadas são uma coisa, mas a religião verdadeira é outra. A Religião não tem nada a ver com religiões. Aqueles que vieram ao mundo para ensinar a religião verdadeira foram cultuados e o fruto desse culto originou as religiões. Então, as religiões atuais são os níveis conscienciais das pessoas que estão buscando a religião verdadeira. Quando a pessoa acha a religião verdadeira, ela sai das religiões e ao sair das religiões passa a compreender que só alcançou a Religião Verdadeira, pela simples razão de ter passado por várias religiões. Então, na verdade, as religiões são degraus de uma escada que as pessoas devem trilhar. A questão é que quando a pessoa está na escada das religiões, ela não consegue ver os outros degraus, além daquele em que está, e por não ver os outros degraus além do dela, não consegue saber que todos os demais degraus cumprem a mesma função, isto é, aproximar de Deus. Quando a pessoa consegue abandonar a escada, ela encontrou a religião verdadeira. Ela consegue ver todos os degraus da escada. Dessa forma ela compreende e percebe o nível de consciência daqueles que ainda não compreendem o caminho para a verdadeira religião. Ela passa a entender o papel das outras religiões. Tudo ficará mais claro quando a pessoa busca e encontra a Verdadeira Religião, ao invés de procurar as religiões e aí compreenderá qualquer ser religioso.

Um casamento que não tenha mais sentido, vale a pena continuar? Falam que ao se separarem, quando reencarnarem, encontrar-se-ão novamente.

Quando um relacionamento afetivo é cármico e as pessoas não estão se educando espiritualmente o suficiente para resgatarem de forma suportável ou harmônica o carma, é melhor as pessoas se separarem, porque, não o fazendo, podem gerar ainda mais carma. No caso, é melhor se separar, porque, senão, ao invés de pagar a conta, contraem mais débito ainda. Separando-se, evitam o débito.

No entanto, existe um fator cármico. Ao se separar de uma pessoa, a origem do carma não foi transformada. Você, apenas, está fugindo do seu carma. Sem dúvida, é melhor fugir do que gerar mais. No entanto, ainda não é a solução ideal. O ideal é a pessoa educar os seus desejos, de forma tal que eles não mais atraiam pessoas cuja convivência possa afetar os seus pontos mais vulneráveis. A pessoa deve, também educar-se, espiritualmente, a fim de afastar de si os pontos vulneráveis.

As condições cármicas fazem com que as pessoas, nessa mesma encarnação, atraiam pessoas semelhantes àquelas com quem se envolveram anteriormente. No início o relacionamento começa bem, depois passa a ter atritos. Pode não ser, exatamente, como era no relacionamento anterior, mas haverá atritos muito fortes, também. Se não se educar, a pessoa sai de um relacionamento para outro, sem viabilizar a solução. Sem se educar, você não tem como minimizar, nem solucionar o problema, através de novos relacionamentos. A solução virá através do desenvolvimento do perdão, da tolerância, da compreensão, da paciência. Caso não consiga esse desenvolvimento, é melhor ficar sozinho, por algum tempo, a fim de se educar, para não gerar carmas futuros.

No entanto, quando o carma é muito pesado os desejos não deixam a pessoa ficar sozinha. Ela fica carente e aí acaba se envolvendo, novamente. No início é tudo bom, depois é igual ao peixe. Como é o peixe? Ele vê a minhoquinha no anzol: oh coisinha linda, gostosa, saborosa. No início o peixe morde com cuidado e consegue escapar do anzol. Aí ele fica todo cheio de confiança. Limpa vários anzóis, até que um anzol bem elaborado o pega. E desse, para escapulir não é fácil. Isso é o carma. Então, o peixe que pegou cinco iscas, vai pagar o seu erro no quinto anzol, isto é, as cinco iscas que tomou de outro. Isto quer dizer: a pessoa pensa, eu só vou ficar namorando para não pegar carma nenhum. Quando começar a ficar difícil, eu me separo. Depois pegará uma doença da qual não conseguirá livrar-se tão facilmente. Esse é o carma.

O carma está aí, não para punir, mas para educar. Então o peixe para não cair no anzol precisa aprender a não gostar de minhoca. Quer dizer, não gostar de isca, porque aí vem uma isca assim e fala: não tem perigo, você consegue escapar. É aquele velho ditado. O rato chega com o rabo todo ensangüentado e diz para Deus: Deus não deixa fazer isso comigo: olha o que as ratoeiras fazem comigo. E Deus fala assim para o rato: "deixe de gostar de queijo, que você jamais cairá em ratoeira". Então, enquanto gostar de queijo, vai cair em ratoeira. Por isso é necessário, educar-se, espiritualmente.

No campo do controle emocional, como fugir dos sentimentos que nos escravizam em relações afetivas insatisfatórias?

Isso, também, está relacionado à pergunta anterior. É uma pergunta muito profunda. Eu não tenho como responder em tão pouco tempo. Mas responderei, superficialmente. Nós buscamos preencher o que falta em nós, através dos relacionamentos com outras pessoas. Na hipótese de não conseguirmos com as pessoas, buscamos nos preencher, através da profissão. Quando não conseguimos, através da profissão, buscamos através da religião ou através de bajulações, de fama ou de poder. Mas não será através desses expedientes que preencheremos o vazio que há em nós. O vazio que há em nós é exatamente o espaço da falta de consciência da nossa essência, que precisa ser preenchido. Este vazio, que não sabemos o que seja, nós buscamos nos outros, em todas as pessoas e não acharemos. O preenchimento desse vazio iremos encontrar dentro de nós mesmos. Esse é o grande segredo do relacionamento afetivo.

A pessoa que pensa que será feliz em função da sua convivência afetiva ou familiar está muito enganada. Ela jamais encontrará felicidade nos outros. Ela será feliz, em função dela mesma. No dia em que ela se amar, ela se envolverá com alguém satisfatório. Agora, enquanto ela não se amar muito, ela jamais conseguirá encontrar a felicidade perto de outras pessoas. Pelo contrário, ela até dificultará a felicidade das outras pessoas para com ela.

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