terça-feira, 23 de novembro de 2010

Qi-OM - 6




A Roda da Lei

Hoje eu gostaria de passar um conceito muito importante do Caminho da Consciência. Não é importante apenas aprender a fazer os exercícios que nós estamos ensinando para refinar a mente e purificá-la, possibilitando a nós irmos além da nossa própria mônada, o conjunto de mentes que constitui a nossa manifestação aqui na natureza, aqui nesse mundo da forma. O planeta Terra é um dos planetas exilados, exilados da ordem maior da vida, exílio este voluntário, em que os seres conscientes não permitem que passe pela sua mônada a consciência plena do seu Eu Sou. Apenas uma pequena parte de nossa consciência se propaga em nossa mônada.
Quando um ser aqui da Terra, encarnado aqui ou que viva no astral aqui da Terra, na condição de desencarnado, quando esse ser alcança a harmonia do movimento da vida em sua mônada, ele deixa de ser exilado, mesmo encarnado aqui, ele deixa de ser exilado e passa a se tornar um ser que vive em perfeita comunhão com a consciência coletiva. Nós vamos falar hoje um pouco sobre essa consciência coletiva. É um conhecimento que é pouco disseminado em nossa realidade física em nosso mundo, visto que a sua raridade é enorme, raridade daqueles que vivenciam a realidade da consciência coletiva, em função do exílio espiritual no qual se encontra a maior parte dos habitantes do planeta Terra.
O Caminho da Consciência é simples entende-lo, em alguns casos difícil vivenciá-lo, mas possível. Chegou o nosso momento de sairmos do exílio, de nos ligarmos à grande família espiritual, não nos vermos mais como estranhos, apenas como manifestações que diferem em função de características, mas que provêem do único Sol Central, nosso Eu Sou. O Caminho da Consciência é o caminho que a consciência faz ao propagar-se do Eu Sou, pela mônada, e pelas mônadas, todas as mônadas, o caminho de ida e de volta, esse é o caminho da consciência.
Mas nós precisamos não apenas intelectualizar um conceito, mas aprender a viver este conceito. A realidade é construída pela nossa percepção da realidade, não por ela em si. Cada nível de consciência tece à sua volta uma realidade. Quando esses níveis se afinizam e se complementam, interagem numa realidade maior. Essa realidade maior que nós precisamos encontrar para conquistarmos a felicidade que não dependa de prazeres. Toda felicidade que depender de prazer, ela é falsa, ela passa rapidamente. Toda felicidade que for ameaçada pelas dores, ela é falsa. A felicidade verdadeira não é ameaçada por nada, é imperturbável. É a felicidade em termos aquilo que não pode ser tirado, é a felicidade de não desejarmos aquilo que pode ser perdido ou ganhado, é uma conquista.
O Caminho da Consciência não se vivencia teoricamente. Da mesma forma que a água não passa por um rio teoricamente, só passa de fato, senão não é rio, o Caminho da Consciência ou se vivencia ele ou não se vivencia. Só que ele está além da razão, porque a nossa razão obedece certas características da nossa natureza momentânea. O Caminho da Consciência vai além da própria natureza, porque a consciência, ela entra na natureza, e ela sai da natureza. Nossa mente opera dentro da natureza, e a natureza possui leis, leis imutáveis.
A única coisa estável no mundo da forma são as leis que coordenam o mundo da forma. Essas leis são imutáveis, elas jamais deixam de existir, ou se alteram. Nós vamos hoje aprender um pouco sobre essas leis que compõem uma roda, e essa roda fica dentro de um rio de consciência, e esse rio de consciência põe essa roda em movimento. E quando essa roda se movimenta, todo o mundo material, todo o mundo da natureza se põe em movimento também, é movimentado.
Nós precisamos aprender sobre o rio da consciência, sobre a Roda da Lei e sobre sair desse rio e ir além dessa roda. Os seres mais evoluídos possuem grande poder. No entanto esse poder não provém tanto do nível dessas mentes, provém do rido da consciência e da Roda da Lei que esses seres conseguiram mover em si. Seres como Jesus, que conseguiram fazer coisas incríveis, viver um nível de consciência que transcendesse a ilusão desse mundo, seres como Buda, como Krishna e como tantos outros que se iluminaram neste planeta, todos esses usaram o poder da Roda da Lei para viver aqui nesse mundo e para realizar suas missões. Será que ainda não chegou o momento de nós desistirmos de viver sozinhos, isolados de uma ordem maior? Uma ordem que não é invisível, ela está sendo declarada a cada instante, mas nós não estamos com a mente devidamente preparados para perceber essa ordem maior. Nossa mente precisa estar preparada para perceber o que é declarado a cada instante, diante de nós.
Ainda mais, porque na época atual, quem não perceber essa ordem vai cair num desespero muito grande, e vai buscar culpados da sua própria infelicidade, fora de si, sem reconhecer que o verdadeiro responsável pela própria infelicidade é a própria pessoa, que criou, dia após dia, um mundo de infelicidade, através do desrespeito às Leis da Vida. Não é questão de nós sermos obrigados a respeitar as Leis da Vida, não é isso. A questão é: quem não respeita, é primitivo. Primitivo, exilado e entregue, não diria à própria sorte, mas ao próprio azar, que criou para si mesmo. Não importa em que área a gente tenha o nosso sonho aqui nesta vida, se é uma família, se é um trabalho, se é qualquer manifestação. Aquele que não obedece o movimento das Leis da Vida, da Roda da Lei, que eu vou explicar daqui a pouco, sofre!
Não importa que religião a pessoa pratica aqui, ou que não siga nenhuma religião. Mas as Leis, elas não escolhem religião, elas atuam em todos os seres, todos. Desde a pedra que nós estamos encima dela agora, dos átomos que compõem essas moléculas, até o Sol que ilumina a Terra, a constelação, a galáxia, o universo, todos esses seres estão submetidos às mesmas Leis. A questão é: quando se evolui, consegue colocar Leis Superiores em movimento, em nossa mente, e essas Leis Superiores podem neutralizar a ação de Leis Inferiores, e parece até que existem seres que estão acima das Leis da Vida. Nenhum ser está acima das Leis da Vida, por mais evoluído que ele seja, nenhum deles está acima.
No entanto, existem Leis que nós desconhecemos. Estamos ainda aprendendo sobre o Amor, que é uma das Leis mais básicas do universo... o Amor. E muito ainda precisamos aprender sobre tal Lei, Amar. Imagine outra que nossa mente ainda pouco refinada, sequer sonha a existência! Você é senhor do seu destino, no entanto suas escolhas estão condicionadas à sua natureza, à natureza que você já conseguiu até este momento. Vamos falar também um pouco sobre o livre-arbítrio. Vamos compreender algo sobre a nossa manifestação presente.
Nós agora, estamos aqui neste corpo físico. Presente neste ambiente, tem também espíritos, presentes em corpo astral, não em corpo físico. Não importa qual o corpo, ele oferecerá a mesma organização. Cada corpo é parte de uma mente. No caso, o corpo físico é parte da mente física. A mente física é uma das mentes que compõem nossa mônada. Nossa mônada é o que nos diferencia uns dos outros aqui nesse mundo.
Essa mônada tem evolução, a mônada evolui. Alguns a chamam de espírito, mas ela ainda não é o espírito. O espírito não evolui, mas quando nós chamamos a mônada de espírito, podemos dizer que o espírito evolui, porque estamos nos referindo, ao falar espírito, à mônada, que é o conjunto de mentes e de corpos. O corpo físico faz parte da mônada também. Porquê? Porque faz parte da mônada da mente física. O corpo astral faz parte da mônada também, porque o corpo astral faz parte da mente astral. O corpo mental faz parte da mônada também, porque faz parte da mente mental. Cada corpo se manifesta em determinada dimensão. No caso, o corpo físico se manifesta no plano físico, que é composto de várias dimensões. No caso, nós estamos atualmente saindo da terceira dimensão física, pra atingirmos uma dimensão mais avançada.
Esses corpos, eles fazendo parte das mentes, as mentes enfileiradas, uma em sintonia com a outra. A mente, em si, não possui consciência de existência. É através da percepção do Eu Sou que a mente se dá conta de que existe. Portanto, quando a mente percebe que existe algo além da própria mente, ela se identifica como mente. De início, esse conceito é um pouco difícil de se pegar. Quando a mente refina o suficiente, compreendemos esse conceito com grande facilidade. Mas essa facilidade... não pense que alguém vai te dar essa facilidade de compreensão. Essa facilidade é uma conquista sua! Ninguém terá o poder de te dar essa facilidade de percepção. Você pode não sentir nada, você pode não perceber nada além de sua mente. Mesmo um Serafim que se manifestasse na sua frente não conseguiria te dar esse poder. O Serafim está acima de Arcanjo... Jesus, por exemplo, é um Arcanjo, Buda é um Arcanjo... o Serafim está acima deles. Mesmo que um ser mais evoluído que Jesus, do que Buda, chegasse e fizesse de tudo, você não conseguiria compreender o que vai além da sua mente, se a sua mente não estivesse amadurecida o suficiente, evoluída o suficiente.
Porque, se mesmo mentes pouco evoluídas pudessem perceber o que está além, não teriam feito o que fizeram com os iluminados aqui na Terra. Não teriam perseguido e matado esses seres iluminados. Fizeram isso porque as suas naturezas não tinham condições de perceber o que estava além das possibilidades mentais desses seres. Eles fizeram o que fizeram por causa disso. E pensar que  Jesus e os seres iluminados continuam trabalhando pelo planeta Terra, apesar de viver aqui seres em lastimável condição evolutiva, que se pudessem, destruiriam imediatamente esses seres de luz, caso eles viessem aqui. E, mesmo assim, eles estão trabalhando por esses seres. Dizem que é só Amor, mas não é só Amor.
Amor é o componente básico que movimenta esses seres a nosso favor, esses seres iluminados. Mas existe componentes mais avançados como, por exemplo, o nível de consciência, que eles não conseguem ver diferença entre nós e eles. Diferença ne-nhu-ma! Eles vêm em nós aquilo que nós ainda nem percebemos em nós. Eles já percebem! Eles estão além do próprio tempo. O tempo está condicionado dentro da mente. Se você sai da mente, você não está mais condicionado ao tempo, você está além do próprio tempo. E quando alguém nos olha com olhar que vai além do próprio tempo, o que esse ser vê? Vê o que realmente somos, e não aquilo que nossa mente, em movimento constante, evolutivo, apresenta. Só se enganam com as aparências, as mentes ainda primitivas, pouco evoluídas. Mas quando a mente consegue purificar de maneira tal que o rio de consciência consegue circular pela mônada, vindo do sutil pro denso e do denso pro sutil, não se deixa mais iludir pelo sonho de que nós não somos o Eu Sou, de que nós somos essas mentes fragmentadas, em corpos transitórios, em corpos frágeis e limitados.
Podemos ir além. Podemos ver a verdade, sentir a verdade, escutar a verdade, e perceber além dos nossos próprios sentidos, o que é verdadeiro, sem que ninguém diga “isso é falso” ou “isso é verdadeiro”. Nós vivenciaremos esta realidade. Chega um momento em que a gente já não quer mais estar ouvindo coisas, a gente quer viver as coisas, a gente quer constatar por nós mesmos a verdade. Esse momento está chegando em nosso mundo, está chegando de maneira coletiva. Que o Conhecimento seja UM, que ele venha de dentro pra fora, que a consciência que já é UMA, essa consciência coletiva. Quando todos os seres percebem a mesma verdade, sem que ninguém diga um pro outro a verdade: essa é a consciência coletiva. É uma consciência maravilhosa. Quando você conseguir ver, no outro, você, e quando o outro conseguir ver, em você, ele: essa é a consciência coletiva.
É onde nós assumimos a nossa condição de irmandade da luz, pedaços uns dos outros, seres mantidos, sustentados pela mesma percepção de existência, de Eu Sou. Quando você para e sente que você é você, e não o outro, na verdade é a mesma sensação que o outro tem, que ele é ele, não é você. É o mesmo Ser se olhando por muitos olhos, se escutando por muitos ouvidos, e se sentindo através de muitas almas, de muitas mônadas. As mônadas são diferentes, porque é característica do mundo em que nós vivemos, essa diferença. Mas o que sustenta a percepção de que É, é de uma única fonte inalterável, o nosso Eu Sou.
O Rio da Consciência é a consciência plena, que está além da própria mente, que está além da própria mônada. Quando uma pessoa recebe um dinheiro extra, fica muito contente porque vai poder comer comida mais gostosa, trocar de carro, comprar outra casa, ou fazer uma reforma na casa, ou vai poder passear, ou vai poder fazer aquilo que sonhava... fica muito feliz. Essa felicidade provém de um envolvimento com o corpo, um envolvimento tão grande que a pessoa esquece que ela está além do próprio corpo, e só fixa sua atenção no corpo. Há uma lei de equilíbrio de polaridade.
Essa lei de equilíbrio de polaridade impõe uma coisa que alguns podem até se revoltar, mas, antes da gente compreender o papel amoroso, justo e sábio das Leis da Vida, é comum a revolta, mas depois que a gente compreende não há mais revolta. A lei de compensação de polaridades faz com que, a cada prazer, uma dor virá para compensar o prazer, e a cada dor, um prazer virá para neutralizar aquela dor. Porque o nosso Eu Sou é neutralidade completa, e a nossa mônada, ela tenta se tornar idêntica ao nosso Eu Sou. As nossas mentes evoluem para se tornar um reflexo fiel do Eu Sou. Jamais ela conseguirá ser o Eu Sou mas, na tentativa, ela se tornará um reflexo muito fiel do seu Eu Sou, uma imagem do Eu Sou. Mas não o Eu Sou, uma imagem muito semelhante do Eu Sou, mas jamais será o Eu Sou.
Podemos dizer, com todas as letras, que a mente jamais será Deus, jamais, porque nós estamos dentro de Deus, não Deus dentro de nós. Da mesma forma que este auditório está dentro do espaço, e não o espaço todo dentro desse auditório. Nós não estamos com Deus todo dentro de nós, nós estamos dentro dele, como no útero de Deus. Mas Ele está além de nós mesmos. É Ele que fecunda a vida aqui, e é Ele que tira a vida aqui... e fecunda novamente, e tira novamente, com Leis Eternas e Estáveis, que põem essa massa, que nós chamamos de matéria, que tem características de naturezas as mais diversas, em movimento. Na verdade, nós somos bolinhas dentro de um chocalho em movimento. O chocalho são as Leis da Vida, e nós somos a natureza. As Leis da Vida sempre pondo a natureza em movimento, sempre pondo em movimento.
Tenta parar... você não consegue! Tenta parar... a Vida te colocará em movimento. Uma força maior chegará e te colocará em movimento, sempre! Mesmo que você não pudesse desencarnar... só quando você tivesse um dia, você iria decidir: “não quero mais esse corpo, quero ir além!”... mesmo não precisando morrer, você ia querer morrer. Mesmo depois de milênios ou milhões de anos em um corpo, porque aquele corpo não teria mais atrativo. A Evolução não permite a estagnação, jamais! A Evolução é a Lei principal, que não permite a estagnação, não permite que ninguém estacione. Tudo na vida é movimento. Você só se manifesta se tiver movimento, se você não tiver movimento, você sai do mundo manifesto e vai para o imanifesto, sai da mônada. Isso que você chama de consciência, vai além da mônada. A consciência vai além das mentes.
A consciência é como luz. A luz, quando incide na mente, a mente adquire consciência de que existe. Tem aquela frase, né: “Penso, logo existo”... Mas nem todo aquele que existe sabe que existe. É comum seres existirem e não perceberem que existem... eles simplesmente existem. Quando um ser percebe que existe, ele analisa o que está além da existência e o que está na existência, esse ser está consciente. A consciência vai além da própria existência. Mas para quê isso serve, conseguir ir além da própria existência?
Quando uma natureza ainda pouco refinada sofre, se você conseguir se colocar acima da sua própria natureza, você não sofrerá, porque o que te dá a percepção de que você É está além da própria natureza. Você não sofrerá. Você pensa que pra você não sofrer, você nunca precisará viver a doença? Você pode estar doente e não estar sofrendo absolutamente nada! Você acha que pra você não sofrer, tudo o que você quer tem que acontecer? Muitas vezes, coisa que a gente não queria acontecem, e se a gente conseguir ir além da própria mente, a gente não sofre.
Já chegou o momento de a gente não tentar consertar, com paliativos, a vida da gente. É só a gente mergulhar fundo em nós mesmos, e nós nos tornarmos conscientes de nossa condição divina, irmos além da nossa condição humana, mas sem violar a parte humana que há em nós. Nós estamos além disso, isso está em nós, e não nós nisto. Isto, que eu falo, é esta mente, esta mônada, este corpo que você está vestindo agora. O mundo em que nós vivemos é contaminado com inconsciência coletiva. Eu falei de consciência coletiva; nós estamos num mundo altamente contaminado por inconsciência coletiva.
A inconsciência coletiva nos estimula a nos tornarmos cada vez mais inconscientes. Só que aí surge um problema: as Leis Evolutivas não permitem estagnação. As mentes são como o leito de um rio, só que o leito do rio está vazio, não tem água, a água da consciência... não existe. Porquê? Porque o leito do rio foi-se enchendo de coisas que não era água... de entulho. Esse entulho, vamos chama-lo de ignorância, vamos chama-lo de paixões sem sentido, inconsequentes, vamos chama-lo de inconsciência. Esse entulho sujou a mente física... o corpo físico faz parte da mente física. A mente física é feita de corpo físico. O corpo físico é feito de herança genética, de comida, de irradiações ambientais, as mais diversas... Mente física é feita de pensamentos, é feita de energia descondensada, prana, éter e outras tantas manifestações de energia, disso é feita a mente física.
Só que a mente física, quando se enche de desejos, de paixões, de ignorância, isso fica como entulho no rio da mente, e a água da consciência não tem como passar, e nós vivemos infelizes, porque nós não bebemos dessa água da vida, dessa água da consciência. Nós não nos tornamos conscientes de quem nós somos verdadeiramente. Nós apenas ficamos inconscientemente conduzidos pela natureza da nossa mente, nós não vamos além da natureza. E a natureza de nossa mente, inicialmente é uma natureza primitiva, uma natureza muito limitada, muito ainda selvagem.
Imagine: a mente física junto com a mente dos corpos astrais, junto com a mente dos corpos mentais, formariam este rio. Este rio faz uma curva, formando um círculo. A energia fica sempre em movimento, sempre em movimento na nossa mente, sempre. Só que quando esse movimento cai em desarmonia, a nossa mente sofre, aí cai de uma encarnação sofredora em outra encarnação sofredora, em outra encarnação sofredora, e a gente começa a acostumar com o sofrimento. E aí começa a ter níveis de sofrimento... o pequeno sofrimento a gente começa a ver como prazer. Quando a dor não está insuportável, quando só está uma dor, é boa. Quando a dor está insuportável é ruim; quando a dor está suportável é boa. A gente acostuma com a própria dor, e vicia nela!
Por incrível que pareça, o ser humano da Terra é viciado em sofrimento. Tem gente que se não sofrer durante o dia, ao menos um pouquinho, chega no final do dia com aquela sensação de que esqueceu o guarda-chuva em algum lugar... está faltando algo. Quando vivencia uma dor menor, fica desconfiado, com medo de que a dor maior esteja esperando lá atrás da curva, assim, com um pedaço de pau enorme, batendo na mão, com um tacape!  A gente pode sair desse pesadelo, pode! Mas vamos ter que perceber se a nossa natureza já está preparada para isso. Aquele que a natureza estiver preparada, consegue, aquele que a natureza não estiver no ponto, não consegue.
A mente está subordinada ao tempo, e o tempo refina a mente junto com as Leis da Vida. Quando nós refinamos a nossa mente, nós limpamos o entulho de dentro do leito do rio, nós limpamos esse entulho. Esse entulho se chama ignorância, paixões, primitivismo. Quando nós removemos esse entulho da mente, a água da consciência, o rio da consciência começa a fluir. Simultaneamente, quando nós refinamos e purificamos a mente, nós construímos na nossa mente a Roda da Lei.
Para quem já viu um moinho d’água, é parecido com um moinho d’água. Porquê? A roda do moinho está dentro d’água... a água vem e põe a roda em movimento. A roda, em movimento, ou faz uma pedra de moinho ficar em movimento, ou um gerador de energia elétrica ficar em movimento, e gera a vida, a energia. Aquele que não tem a Roda interna, na mônada, em movimento, que não compôs uma Roda... não é bem compor... é deixar que a Roda da Lei entre... ela já existe... deixar que ela entre na mônada. Ela já existe, ela faz parte das Leis da Vida, que são imutáveis. A Roda da Lei sempre vai existir, e sempre existiu, no mundo da forma, ou no mundo da natureza, este que nós vivemos.
Amor é um raio da Roda, como uma roda de bicicleta. Se você arrancar os raios da roda de bicicleta, você não dá conta de andar de bicicleta, porque a roda fica assim, ó... Se você arrancar vários raios, tenta andar na bicicleta... a roda vai ficar assim... Se você arrancar muitos, cai. Os que estão na roda são fracos demais para, sozinhos, sustentarem seu peso sobre a bicicleta. Por isso a gente vê muita gente boa sofrendo. Mesmo tendo algumas virtudes, que seriam Leis dentro da pessoa, mas ainda são insuficientes para aguentar o peso que a vida dessa pessoa tem sobre essa Roda. Precisa ter mais raios nesse aro para poder, a Roda, ter força suficiente para sustentar bem o peso, o peso da vida.
Amor é um raio da Roda; Justiça é um raio da Roda; Sabedoria é um raio da Roda. Amor é um raio com a força de outros sub-raios. Eu vou dar um exemplo de um dos aspectos muito importantes para refinar e purificar a mente: Caridade. Sem Caridade, um ser não consegue purificar a sua mente, não consegue. Caridade, fazer algo de bom pelo próximo, algo de harmônico pelo próximo, algo que torne o próximo harmonizado, feliz... felicidade real, aquela que não se perde, aquela que sempre estava ali... você só fala “- Ó, você tem uma fortuna dentro do bolso e está passando fome... enfia a mão aí, acredita em mim, enfia a mão aí!”... Aí a pessoa enfia: “- Oh... meu Deus, isso aqui vai dar pra eu comer para toda a eternidade, não vou mais passar fome!”. Essa é a Caridade, quando você ajuda alguém a conquistar a felicidade real, que não passa, que não acaba. Mas só dá, aquele que tem. Todos nós temos mas não sabemos que temos.
Nós temos toda a felicidade lá dentro de nós... ela precisa ser descoberta. O quê está encobrindo nossa felicidade? A sujeira que há na mente. Porquê há sujeira na mente? Porque é uma Lei da Natureza. A semente cresce dentro da sujeira! Até que um dia desabrocha fora da sujeira, brota lá fora, e aí cresce, cresce, cresce, e dá frutos.
A natureza é hierárquica... tem o embrião ali, em formação, o feto... o neném sai, vira criança, pequenininho, depois vai crescendo, vai virar adolescente, adulto, idoso... daí volta de novo... e a Roda sempre em movimento... Evolução... Mudança. Então, tentando remover a sujeira, porque ela não cumpre mais sua função. Mas nem todos estão prontos para remover a sujeira, porque antes de sair naturalmente da sujeira, não se deve mover, porque senão perde a fertilização da sujeira. O quê eu chamo de ‘sujeira’? A ignorância é uma sujeira. Agora, você não pode esperar que um ser, que a ignorância ainda não cumpriu o seu papel na evolução desse ser, que ele abandone a ignorância. A ignorância surge para isso...
Tudo tem o seu tempo certo... nem antes nem depois. A Lei tem o seu próprio movimento. Você acha que você evolui porque alguém fez algo por você? Mesmo que ninguém faça nada por você, você evolui! A questão é que aquele alguém que fez algo para você, ele simplesmente cumpriu sua natureza, ele seguiu suas características, suas tendências naturais.
O Rio da Consciência é despretencioso. Ele não deseja salvar ninguém, porque ninguém precisa ser salvo. Ele faz o bem por Amor e não por obrigação. Nunca a gente é obrigado a fazer nada... ele faz porque Ama. Uma árvore não dá uma flor por obrigação, ela dá uma flor porque é natural. Na época certa a flor surgir, e o fruto surgir. O ser humano é do mesmo jeito. Pessoas são boas e pessoas são ruins porque está na época de ser boa, ou está na época de ser ruim. No início é ruim, depois é bom! É uma Lei da Natureza. A questão é: enquanto está na época de ser ruim, o sofrimento vem, sempre. Quando chegar a época de ser bom, a felicidade virá sempre.
É importante que cada um de nós nos perguntemos: a nossa época, agora, é de ser bom ou ainda é de ser ruim? Se ainda for de ser ruim, o sofrimento está com o tacape nos esperando  pra dar na cabeça da gente. Mas não fuja dele não, ele é o moinho que tritura a semente, transformando em farinha, pra ser alguma coisa útil pro mundo. Não negue a dor. Quando ela é inevitável, que seja recebida com dignidade e com a consciência de que ela cumpre um papel. O leite, quando vira coalhada, pode não gostar, mas é mais valorizado por alguns como coalhada do que como leite! É mais valorizado, por outros, como queijo do que como leite... é mais valorizado. O ser humano também. Quando, num momento, não pode ser feliz, se ele consegue se aceitar com tranquilidade, da própria infelicidade momentânea, já começa a descobrir a felicidade real, que está além de aparências.
Nossa... a gente vê, muitas vezes, um belo ser humano, de beleza angelical, desrespeitando ao máximo o corpo e, depois, pagando tristemente esse desrespeito, com muita dor. Nosso corpo não é um parque de diversões, é uma escola onde a gente edifica a nossa evolução, onde a gente recebe mais luz pro nosso espírito. E quem não aprendeu essa lição, vai ter que repetir muitas, muitas, muitas, vezes. Vai para o fundo do poço muitas e muitas e muitas vezes. Como nós somos inesgotáveis, estamos além da própria natureza, jamais iremos acabar, exaurir, e a natureza irá se refinar, refinar, refinar, refinar, até que nós não vamos mais buscar as manifestações mais primitivas da natureza, vamos buscar as manifestações mais elevadas, onde não existe essa dor que nós experimentamos aqui, esse sofrimento que nós experimentamos aqui. Precisamos nos colocar acima dessa natureza, mas pra isso, precisamos nos harmonizar com essa natureza.
Amor, é a pedra fundamental das Leis da Vida, nessa natureza. Uma pessoa que ama, tem respeito. Se ela tem respeito, ela tem consideração pelo próximo. Ela considera todo ser humano digno de se ter em conta, de direitos iguais, de necessidades semelhantes... isso é consideração. A consideração faz compaixão. Compaixão: desejar que todos estejam bem, isso é compaixão. Quando você vê o mundo nesse sofrimento e fica indiferente, você não possui compaixão. Sua natureza ainda não se refinou ao ponto de ter compaixão. Mas quando você vê alguém sofrendo, e é como se fosse você sofrendo, você tem compaixão. Naturalmente que você pode sentir aquele sofrimento de uma maneira diferente, mas a gente sabe que ele é sofrimento, e que não é bom. É bom pra amadurecer o primitivo, mas uma vez que já amadureceu, não cumpre mais o papel, precisa ir adiante. É uma Lei da Evolução.
Enquanto o desejo de bem ao próximo ainda fica só no sentimento, aí é compaixão... quando se torna ação, se transforma em caridade. Caridade é compaixão transformada em ação, em atitudes, isso é caridade. Mas tudo tem um princípio... O princípio é o Amor, depois é o Respeito, a Consideração, a Compaixão e a Caridade... aí vem a ação. Sem essa ação, a gente não consegue ver o outro como parte de nós, e precisamos ver o outro como um pedaço de nós, porque senão sempre viveremos infelizes.
Falta de caridade, faz um problema aqui nesse nosso mundo. Toda vez que uma pessoa vai fazer alguma coisa e ela não tem caridade, o pensamento que motiva ela é: “- O quê eu vou ganhar com isso?”... “- Em quê vou me dar bem com isto?”. Quando alguém não tem caridade, quando vai fazer alguma coisa, o combustível é essa idéia “- O quê vou ganhar com isto?”. E aí, esta idéia colocada em ação, faz um problema, pra si mesmo e pros demais seres à sua volta, que não é brincadeira. Faz problemas afetivos, familiares, profissionais, materiais, culturais, sociais, espirituais, cármicos, energéticos, que não é brincadeira! E quem é que faz isso? O egoísmo. E o egoísmo é motivado pela inconsciência, pela ignorância, pelas paixões desenfreadas, e tudo isso suja a mente.
É preciso remover essa sujeira, que aí o Rio de Consciência vem, propagado do Eu Sou... Não é o Eu Sou que cria o Rio da Consciência. O Rio da Consciência não é criado pelo Eu Sou. Apesar da consciência existir além da mente, mas ela só se transforma em consciência dentro da mente. Além da mente, a consciência não é consciência. Porque algo só existe dentro da mente... fora da mente nada existe... mas É. Isso sempre dá dor na cabeça da gente, de início, porque a gente tenta raciocinar, e não se compreende isso pelo raciocínio, se compreende isso só sentindo. Eu não digo que é nem pela Fé que se compreende isso. A Fé ainda está no mundo da mente... precisa sentir.
Mas o que é sentir... é um friozinho, um calor? Não. Por exemplo, tem pessoas que, se perguntarem pra elas: “- Você acredita que Deus Existe?”... aí a pessoa fala: “- Acredito!”... “- Mas você tem certeza que Deus existe?”... “- Tenho!”... “- Mas espera aí... alguém já provou pra você que Deus existe, provou fisicamente, o comprimento, a largura, a espessura, a temperatura dEle?”... Porque as pessoas acham que tudo tem que ser provado materialmente... A pessoa sente que Deus existe... isso é uma sensação. Não é uma sensação de sentidos, é uma sensação na alma, no espírito!
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